segunda-feira, 25 de julho de 2011

Folhas de um livro que existe

VI - Criação

Memorando os passos
batidos nas vielas
esperando madrugadas
senti as mãos tremer suadas
um sismo sacudiu-me os ossos

são rumores do corpo
pensei
coniventes com os sonhos
que debruçados nas janelas
suplicam os seus voos
eu sei

gosto de ser leve e profunda
como um poeta oriental
sintética e estóica
no entanto sangro e perco-me
por entre aromas e metal

sem fadiga
deixo pulsar as veias
que me levam a lacinantes
becos de existências
com fome de outros horizontes

é aí que os sonhos amanhecem
longínquos nos seus semblantes
pressentem fontes e veredas
acalentam o cio e reconhecem
no meu chão os caminhos
por onde reinvento pontes
entre miragens e vidas

com uma faca acutilante
sulco na luz a prumo
enquanto vagueiam sombras sem rumo
e com as mãos cheias de sonhos
vou-me criando viajante

Sem comentários:

Enviar um comentário