VI - Criação
Memorando os passos
batidos nas vielas
esperando madrugadas
senti as mãos tremer suadas
um sismo sacudiu-me os ossos
são rumores do corpo
pensei
coniventes com os sonhos
que debruçados nas janelas
suplicam os seus voos
eu sei
gosto de ser leve e profunda
como um poeta oriental
sintética e estóica
no entanto sangro e perco-me
por entre aromas e metal
sem fadiga
deixo pulsar as veias
que me levam a lacinantes
becos de existências
com fome de outros horizontes
é aí que os sonhos amanhecem
longínquos nos seus semblantes
pressentem fontes e veredas
acalentam o cio e reconhecem
no meu chão os caminhos
por onde reinvento pontes
entre miragens e vidas
com uma faca acutilante
sulco na luz a prumo
enquanto vagueiam sombras sem rumo
e com as mãos cheias de sonhos
vou-me criando viajante
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