quinta-feira, 29 de setembro de 2011

Quando me faltas

Chegamos sempre sós
e escorregadios
de muralhas sibilantes

cada um de nós pousa
o seu peso no chão
ansioso da leve
poeira das estrelas
que afaga a solidão

os olhos perdidos no céu
o corpo tacteando a sua sina
e quando me faltas
a minha mão procura a tua mão

domingo, 25 de setembro de 2011

sábado, 24 de setembro de 2011

Mabon


Ela recolheu galhos e folhas murchando em marron
caminhou pelos campos a celebrar a vida
no dia em que a deusa provedora sábia e anciã
guardou em cada semente uma criança eterna
o tempo repartiu os dias de igual luz e escuridão
e então também a natureza foi celebrando o seu repouso
nos lares onde a reunião fez renovar o amor e a compaixão

quarta-feira, 21 de setembro de 2011

Não esperes por mim antes do encontro

Volto forte desse enlace
que não me prende a ti
todos os dias

para nós não há
a rotina do café da manhã
nem a saudade cobrada

para nós a saudade
vem envergonhada
e pede licença
para o amor se revelar

amor de amigo é assim
sabe a estranho
sabe a pecado do céu

tem outra cadência
no afecto e na dor
e é por isso meu amor
que te peço:
não esperes por mim antes do encontro

sábado, 17 de setembro de 2011

terça-feira, 13 de setembro de 2011

Pós-morte

roxos versos
pássaros loucos
nuvens sombrias
desviaram a rota
desmancharam o leito
povoaram as manhãs
de lágrimas frias
nos dias dispersos
sepultaram de flores
o teu esquecimento
talharam de ausências
o teu pensamento
baralharam os gestos
nas tuas mãos vazias
vieram aos poucos
como flores roxas
como pássaros loucos
como nuvens sombrias
confusos na derrota
entardeceram agonias
anoiteceram o sentimento
gritaram no meu peito

domingo, 11 de setembro de 2011

Deserto

Cativa no encanto
do deserto
nas dunas nuas de arvoredo
abraso os meus pés nus
na poeira levanto
passos em que me acerto
e descanso

domingo, 4 de setembro de 2011

Farol

Sábia é a lonjura da dúvida
perguntar se chove se fará sol
se amanhã ainda quero este caminho

mas para avançar
é preciso um pouco de fé
e saber que a navegar
se conta com a mudança da maré

difícil é escolher o farol
capaz de guiar mar adentro cada vida
sua inconstância e sua avidez de adivinho