sexta-feira, 24 de abril de 2015

Desta maneira de errar


Desta maneira de errar
sou submissa
quando me escudo como Perseu
nas imagens que não vejo

máscaras: retrato falhado

no olho de dentro 
está o imperceptível caminho
para o invisível

nele sou cega 
perante o implausível rosto 
do real






terça-feira, 21 de abril de 2015

Outra pele


Entre a ferida e a cicatriz
a aprazível desmemória
saudosa do toque de outrora

e é quando o tempo se rasga
na lembrança de outra pele





quinta-feira, 16 de abril de 2015

Queda


No mesmo lugar 
e num lugar outro
estou de bruços
deitada sobre a terra
as pedras também soluçam
e constelam
no chão que treva
chegará
a agonia à noite  
penetrando-a de omissão
cintilando penitente
onde a minha nudez aterra



sexta-feira, 10 de abril de 2015

Asas


              I

As almas têm asas
são as borboletas e os pássaros
de uma linguagem que transcede 
a primitiva ordem da matéria
e decifra os céus


           II

Dos seculares passos sobre a terra
onde se agrega o movimento da evolução
fomos somos e seremos 
as mil faces rastejantes
do bom selvagem e da fera

       
          III

Ah vislumbre humano:
a carne os ossos o sangue
que somos antes do pó
anseiam pela lonjura de nós


           IV

Asas para a imensidão dos céus
nascidos da terra e da água
temos asas somos bichos de voar


            V

Somos alados nesta humana condição
anjos visitando lugares de superação


            VI

Corpos para além da queda
como pássaros e borboletas 

                                                                           


                               



                           VII

              Almas com asas