domingo, 13 de outubro de 2013

sobre a perda


I

vem com o teu manto de cinzas
ao cair das ilusões
vem cansada de expectativas
repousar no chão que pisas 
pois vou provar o teu travo amargo
beber do vinho das decepções

entra nesta casa 
onde se derrama a luz sem forma
e sombrei-a com a tua asa de corvo
aninha-te a mim sem demora

vem com as verdades escondidas
ou vem ainda por decifrar
vem escorreita ou imperfeita
para que eu te possa moldar
e espera pela minha alma madura
que na mestria do tempo te saiba governar

até lá vem de mansinho
lamber uma a uma cada ferida
e traz na liquidez da tua espessura
um molde para a minha flor preferida



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