Não teimes em calar o silêncio:
ele desconstroi o que transborda
do teu pensamento
e espraia-se mais adiante
mal sintas a sua brisa nascente
não temas em procurar a sua casa
abrigada do vento
esvaziada de qualquer ornamento
pronta a voar sondando a asa
sábado, 31 de março de 2012
segunda-feira, 26 de março de 2012
Renovação
O amor tem de ser uma terra fértil
onde me refaço no barro
de vários rostos
na lama quente
no pó desfeito dos vendavais
não é só deus que aí mora
com o seu sopro de eternidade
mas também um animal de sangue
uma carne querendo amansar
e ossos em ruína
a pedirem o abraço frio da terra
e o recomeço de tudo
na lava que devora o tempo
onde me refaço no barro
de vários rostos
na lama quente
no pó desfeito dos vendavais
não é só deus que aí mora
com o seu sopro de eternidade
mas também um animal de sangue
uma carne querendo amansar
e ossos em ruína
a pedirem o abraço frio da terra
e o recomeço de tudo
na lava que devora o tempo
quarta-feira, 21 de março de 2012
Poesia
Ora a escuto ora me invade
uma voz funda de trevo e carícia
um lugar secreto onde a verdade
se encontra com a coragem e a perícia
vou inscrita neste sangue
com que narro a vida
e as palavras fluem
na mais íntima liberdade
espreito-me e revelo-me ao ser lida
uma voz funda de trevo e carícia
um lugar secreto onde a verdade
se encontra com a coragem e a perícia
vou inscrita neste sangue
com que narro a vida
e as palavras fluem
na mais íntima liberdade
espreito-me e revelo-me ao ser lida
terça-feira, 20 de março de 2012
Ostara
Trouxeram-me os pássaros que migram
e deixaram-me aqui
onde a terra recebe as suas crias
minha mãe etérea
deixou-me aqui semente
e foi enchendo os campos de flores
salpicando as suas cores no verde
perfumando os dias de sol ameno
"A primavera chegará, mesmo que ninguém mais saiba seu nome, nem acredite
no calendário, nem possua jardim para recebê-la." Cecília Meireles
e deixaram-me aqui
onde a terra recebe as suas crias
minha mãe etérea
deixou-me aqui semente
e foi enchendo os campos de flores
salpicando as suas cores no verde
perfumando os dias de sol ameno
"A primavera chegará, mesmo que ninguém mais saiba seu nome, nem acredite
no calendário, nem possua jardim para recebê-la." Cecília Meireles
quarta-feira, 14 de março de 2012
Poema da verdade
A verdade deve ser apreendida
aos poucos para não cegarmos
assim de repente
e se houver um acidente
é preciso entendermos
que se faz noite apenas
para os nossos olhos
e um frio de morte
gela-nos para a luz
- que outros irão receber
suportavelmente
à distância dessa precipitação
tomando talvez fôlego
para reparar em todas as nuances
refratadas de assombro
e posterior aceitação
aos poucos para não cegarmos
assim de repente
e se houver um acidente
é preciso entendermos
que se faz noite apenas
para os nossos olhos
e um frio de morte
gela-nos para a luz
- que outros irão receber
suportavelmente
à distância dessa precipitação
tomando talvez fôlego
para reparar em todas as nuances
refratadas de assombro
e posterior aceitação
quinta-feira, 8 de março de 2012
Lábios de mulher
Os teus lábios não são amargos
são cingidos na dor
e no prazer
abrem-se vulneráveis
ao arrepio
da pele estendida à vida
guardam-se
para as noites acertadas
com os sonhos e as profecias
fecham-se por vezes
cansados de tanta lida
mas nunca são amargos
são capazes de deixar passar um grito
das entranhas até ao infinito
entreabrem-se em cuidados
vindos da alma
uma aragem passa por eles
serena
e é por isso que acalmam
as crianças
são cingidos na dor
e no prazer
abrem-se vulneráveis
ao arrepio
da pele estendida à vida
guardam-se
para as noites acertadas
com os sonhos e as profecias
fecham-se por vezes
cansados de tanta lida
mas nunca são amargos
são capazes de deixar passar um grito
das entranhas até ao infinito
entreabrem-se em cuidados
vindos da alma
uma aragem passa por eles
serena
e é por isso que acalmam
as crianças
sexta-feira, 2 de março de 2012
A minha saudade vagueia por ti
Até onde fui me envolveram os teus braços
ao redor do meu pequeno coração
onde me sei amada
fujo de me lembrar de ti ausente
no fim da estrada
onde esqueceste os nomes dos teus filhos
onde fui a derradeira vigilante
da tua alma roubada
a minha saudade vagueia por ti
pelo tempo enternecida
e eu preciso ainda de lembrar
com dor a tua última aflição
(doença maldita)
os últimos beijos de boa noite que te dava
e tu sem te lembrares do meu nome:
até amanhã minha querida
ao redor do meu pequeno coração
onde me sei amada
fujo de me lembrar de ti ausente
no fim da estrada
onde esqueceste os nomes dos teus filhos
onde fui a derradeira vigilante
da tua alma roubada
a minha saudade vagueia por ti
pelo tempo enternecida
e eu preciso ainda de lembrar
com dor a tua última aflição
(doença maldita)
os últimos beijos de boa noite que te dava
e tu sem te lembrares do meu nome:
até amanhã minha querida
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