sexta-feira, 31 de dezembro de 2010

segunda-feira, 27 de dezembro de 2010

ah...o amor...


                              

















  Cartões de Natal
  coloridos, tão iguais!
  Mas este, ah...o amor...

            (Teruko Oda - poetisa e educadora brasileira de origem japonesa)

sábado, 25 de dezembro de 2010

Noite Pagã, Noite Cristã

Num tempo muito antigo, após a noite mais longa do ano, os povos do hemisfério norte celebravam o reínicio da contagem decrescente da escuridão do Inverno, associada ao deslocamento da trajectória do sol para o alto do céu.
Comemorava-se então o renascimento do Sol no ventre escuro da Mãe Terra.
E é desta celebração antiga, em que a Deusa dá à luz o seu novo filho, o Deus solar renovado, em que os povos reverenciavam as árvores sagradas, perenes, de folhas sempre verdes simbolizando a continuação da vida, que se originou o Natal Cristão.
A Deusa pagã, Mãe da Criança Prometida - Deus Sol, é substituída pela Virgem Maria, Mãe de Jesus, o filho do Deus cristão.
Dos rituais pagãos, fortemente ligados à terra e aos ciclos da natureza, onde a divindade era celebrada na comunhão com essa mesma natureza, pontuando o eterno retorno, a Igreja de Roma incorporou algumas tradições associadas às festividades em torno do solstício de inverno, cristianizando-as em novas tradições que se universalizaram com a comemoração do nascimento de Jesus Cristo durante a noite de 24 para 25 de Dezembro.
Em face dos valores cristãos associados ao Natal, de união, solidariedade e fraternidade, tão lembrados nesta época em que, paradoxalmente, os indivíduos, famílias e nações parecem preocupar-se tão pouco com o(s) próximo(s), não devemos esquecer o ancestral significado desta quadra, que é  o da renovação da esperança e o da vitória da luz sobre a escuridão.

Renovemos pois, em nós mesmos, e celebremos uns com os outros.



domingo, 19 de dezembro de 2010

Pausa abrangente (pelas causas alheias)

e enquanto transpões alheio
esse teu mar adiante
meu amor tu não estás só
levas contigo outros tantos
inquietos de pousar os pés
em terra principiante

e enquanto transpões alheio
esse teu mar adiantado
meu amor não olhes para trás
no caminho do teu passado
ninguém cruzará o teu vôo
sem querer encontrar um bando

ao invés
atenta na pausa abrangente
das aves solitárias
que velam as causas alheias

quarta-feira, 15 de dezembro de 2010

                                       

                            Raízes

                  Meu peito não seca à toa
                      nos sulcos da terra dorme
                      teus áridos bafos de morte
                      não removem as raízes
                      que brotam incólumes
                      das minhas águas em crise
     
     

sábado, 11 de dezembro de 2010

Inteira

Sou inteira
naturalmente absorta
na seiva e na luz
e inverosimilmente desperta
no estrago na morte
e no reparo
que o tempo recorta


domingo, 5 de dezembro de 2010

Emancipada

Eis a angústia que cabe na dose certa
impelindo às escolhas da alma
o desejo de ser sobrevoando o caminho
a vontade de fazer realizar
recriar o mundo

minhas avós resignadas
escravizadas revoltadas
sussurram dos seus estendais
suas ladainhas tristes insucedidas
e me acautelam as esperanças
de um caminho ainda curto e traiçoeiro

terça-feira, 30 de novembro de 2010

Redes



Seminário Internacional de Justiça Juvenil - avaliação das práticas e qualificação das intervenções
Lisboa, 29 e 30 de Novembro de 2010

Decorreu em Lisboa, organizado pela Direcção-Geral de Reinserção Social (DGRS), serviço público responsável pela justiça juvenil em Portugal.

Estiveram presentes conferencistas internacionais nas áreas da avaliação de riscos e necessidades, sistema de mediação juvenil, intervenção familiar, treino de competências pessoais e sociais, acompanhamento educativo e intervenção comunitária. Os países que partilharam connosco a sua experiência e saber científico: Canadá, Irlanda, Espanha.

Há muito ainda para  caminhar, sobretudo no que diz respeito á intervenção familiar e comunitária associada à execução das medidas tutelares educativas, mas Portugal só tem que se orgulhar das reformas praticadas nas últimas duas décadas no âmbito da reeducação e reinserção social de jovens que apresentam comportamentos desviantes.

Pessoalmente orgulho-me de ter participado, com muito empenho e espírito de missão, na reestruturação dos Centros Educativos, entre 1995 e 2001, contribuindo para a construção de um modelo de intervenção que assegura simultaneamente as necessidades de contenção e de reeducação dos jovens delinquentes.

No ano 2000, com a reforma da lei dos menores, as vítimas e os infractores passaram a receber tratamento jurídico e psicossocial diferenciado, permitindo uma definição mais clara das políticas criminais no âmbito da intervenção com menores delinquentes.

Muito já foi feito, mas muito há ainda para fazer, sobretudo junto e em parceria com todas as instituições das nossas comunidades que intervêm com a população juvenil, nas áreas da educação, formação profissional e inserção laboral, saúde mental, ocupação de tempos livres, educação parental.

Portugal tem pouca tradição ao nível da intervenção comunitária estruturada, através da criação e participação de associações e cooperativas na sociedade civil, existindo ainda a crença de que o estado tem de resolver todos os problemas sociais, através das suas mega-instituições. Excepção feita á realidade insular da Madeira e dos Açores, no continente as instituições da comunidade que articulam com as estatais têm ainda pouca expressão.

Trabalhar em rede, com os vários parceiros da comunidade, possibilita ainda uma abordagem preventiva do fenómeno da delinquência juvenil, o que por si só, já merece o nosso investimento.

Precisamos uns dos outros para intervir o mais cedo possível  e prevenir o desenvolvimento de atitudes e comportamentos anti-sociais por parte das nossas crianças, adolescentes e jovens.

segunda-feira, 29 de novembro de 2010


Delinquência Juvenil

Teses e muros erguidos para ontem
não chegam para explicar
estes dias estilhaços de hoje
urge olhar novamente o horizonte
feito sem dó do meu e do teu acordar
acerca das vidraças quebradas pelos meninos perdidos

quinta-feira, 25 de novembro de 2010

A vida bem preenchida torna-se longa (Leonardo da Vinci)

Era uma vez um menino que nasceu num dia de chuva e sol a espreitar por entre as nuvens, desenhando belíssimos arco-íris.
Um dia de sorte, segundo a lenda que profetiza um pote de ouro muito bem guardado por dois duendes, lá onde acaba o arco-íris.
O menino recebeu o nome de Leonardo, em homenagem ao talentoso renascentista de Vinci, e não é que também faz jus ao nome?
Ele tem muitos talentos e a tudo a que se dedica intensamente, é prodígio.
Hoje ele faz 15 anos e de entre alguns dos seus amores, está Kuchiki Byakuya, personagem mangá e anime Bleach.
Vou mesmo oferecer-lhe um fato deste poderoso, para ele encarnar a sério o seu Bankai.
Parabéns Leo.



sábado, 20 de novembro de 2010

   

   Tempo desejo

    tempo que danças
    e em mim esperas
    a hora de dizer
    o que a alma já escreveu
   
    tempo meu que danças
    perene e indiferente
    ao canto exaurível da vida
    afasta de mim o lamento
    a vergonha dos que temem
    o teu cansaço e as rugas de amanhã

    tempo desejo
    meu anseio de bailarina
    danças num compasso de espera
    porque este amor é para sempre


  
 

quinta-feira, 18 de novembro de 2010

                                      

                             Filhos da Mãe

                     
                              fugidos de sua mãe
                              em bandos meninos guerreiros
                              mais tarde ladrões forasteiros
                              em terras de ninguém


                        

sábado, 13 de novembro de 2010

         


           Tutelados

           Encontrados
              à margem da vida
              sem nascerem de nós
              são nossos por suas vontades

              e se um dia se vão
              ficamos para sempre à deriva
              das lutas que travaram
              das vitórias que alcançaram
              as suas vontades
              orfãs do nosso colo

       
            

quinta-feira, 11 de novembro de 2010

     


      Poema para todos

        para quê chorar
        porque esperamos
        que outros venham consolar?            

        para quê querer uma ilusão
        para apagar uma mentira?

        o choro cansou o mundo
        e a nós mesmo já causa tédio
        e quando julgamos que o riso é  choro
        ele é riso simplesmente
        porque já nem sabemos lamentar

       mas olha à tua volta
       abre bem os olhos
       - vês?

      aí está o mundo
      construamos.

      Agostinho Neto



                        11 de Novembro de 1975, dia da independência de Angola.

                        35 anos depois, a paz ainda é menina e a voz do poeta guia

                        o caminho da reconstrução.

                        Para mim és lembrança do início, o mais antigo retorno da vida.

                       África minha.


     
           
            África


           Amor primeiro

          conheço o teu cheiro a cana-de-açúcar
          a frutas e a terra molhada
          o odor da poeira
          do combustível queimado
          da morte que espreita num corpo mutilado

          conheço as tuas cores
          da terra vermelha
          do ocre e marron do teu vestuário
          a cor do café
          a miçanga e o marfim no teu penteado

          conheço o teu passo
          de semba ritmado
          o teu som de batuque chocalho e hungu
          teu jeito indolente
          teu olhar massacrado
          e o ouro saqueado na mina um motim

          conheço o teu sangue
          e a noite mais escura
          o cacimbo e a chuva forte e quente do verão
          a acácia a savana
          os teus bichos selvagens
          a luxúria do teu capim

          conheço o teu feitiço
          as tuas guerras de irmãos
          a fome no teu regaço
          e a fartura que nunca é para ti

         mãe áfrica
         amor primeiro
         amor eterno
         último amor

    
       
    
         

domingo, 7 de novembro de 2010





                     Terra, Mãe Sagrada
                           as árvores e toda a natureza 


                          são testemunhas dos teus pensamentos e das tuas acções.  
                          Provérbio índio (tribo Winnebago, Nebrasca)




    

sexta-feira, 5 de novembro de 2010

UTOPIA

                            
      É UTÓPICO ESPERAR QUE O AMANHÃ
      SE LEVANTE DE UM SOPRO IGUAL AO DE HOJE
      POIS O DESCONHECIDO BRINCA AINDA DE HERANÇA
      NO OLHAR E NAS MÃOS DAS NOSSAS CRIANÇAS


quinta-feira, 4 de novembro de 2010

                 


                            Desviante

              Ás voltas em círculos no cimento
              dedos de nicotina e prata
              custa passar os dias a olhar
              um céu gradeado no horizonte

              sair e a seguir passar a ponte
              mãos nos bolsos medrosas de apanhar
              novamente a liberdade em passo lento
              rumo ao ghetto e não estranhar a malta

              desviar pelos atalhos como quem salta
              os degraus de uma escada de vento
              caindo sem conta e sem lembrar
              como se sobe um a um até à fonte

              ficar seco de sede saiba quem conte
              o resto da história já é para autuar
              narciso debruçado num lago de cimento
              custa mirar o vazio e o que faz falta

               
             

quarta-feira, 3 de novembro de 2010

        


                 Na cidade dos Egos
              vence o mais inflado
              e os meninos aprendem
              que andar nu é pecado
              não por causa do frio
              mas porque não se vê
              da cobiça nem um fio
             

                             EGO CITY

                                      Carros à prova de bala
                                      Com vidros à prova de gente
                                      Cor fumê da indiferença
                                      E vão lambendo os cartões de crédito

                                      Comprando de quase tudo
                                      Do orgulho à cocaína
                                      De dólares a meninas
                                      Passando em frente à réplica
                                 
                                      Da Estátua da Liberdade
                                      Que nos prende ao consumo siliconizado
                                      E farpado urgente que diz
                                      Bem-vindo à Ego City

                                      Lutadores sem filosofia
                                      Crianças sem esquinas
                                      Realidade da portaria
                                      Mas só se for pela porta dos fundos
                        
                                      De frente pro mar
                                      De costas pro mundo
                                      Perderam o governo
                                      Mas ainda seguram os trunfos

                                      Quando cair delete o meu nome
                                      Dos seus computadores
                                      Se você insistir
                                      O meu descanso será seu pesadelo

                                      Lembre-se do mistério de PC
                                      Dono do Avião Negro
                                      Porque o terno e o uniforme ainda
                                      São os disfarces mais usados pelo crime

                                      Tráfico de influência, tráfico de vaidade
                                      Trafica para ocupar
                                      Melhor lugar na corte
                                      Bem-vindo à Ego City


                   

terça-feira, 2 de novembro de 2010

              

              Fraterno

                 chamou por mim
                     e eu estive lá
                     chamei por ele
                     e esteve aqui

                           no tempo em que partilhamos
                     o mesmo provir
                     em que tudo era espanto
                     de alegria ou dor
                     um imenso amanhecer
                     a aprender o amor
                     enlaçamos fraternos rumos
                     nos lugares da solidão
                          
                           e aprendemos a lição

                     assim foi
                     e agora é assim:

                      chamou por mim
                      e eu estive lá
                      chamei por ele
                      e esteve aqui


                     Parabéns, irmão nascido num dia de finados.

                     
                      Criança fantasiada celebrando o dia de los muertos, México.




                 Um dia vai ser no México, celebraremos o teu aniversário na grande
                     festa dos finados, com tudo a que tens direito.

                                                                 Árvore da morte, México.

domingo, 31 de outubro de 2010

Samhain

                 
  Ela se vestiu com as cores da terra e das flores
  caminhou pelos campos a celebrar a vida
  no dia em que o deus morreu ela esperou a lua
  certa de que a noite fria que aí vinha
  a chamaria uma outra vez de deusa escura, anciã
  e então também a natureza foi desmaiando
  suas cores de oiro antes do longo sono de inverno