domingo, 12 de julho de 2015

A luz não partilhada



Um outro 
olhou-me assim:
dobrada ao meio a noite surgiu 
nos seus olhos sem me atingir

disse-me 
que a verdade do mundo era a sua 

a minha era tão inútil e faltosa 
do que dele mesmo projetava -
os dias marcados com os seus 
egóicos consolos e lamentos -
que não valia nada 

não era um eco que eu ouvia
mas um ruído áspero e vil
hostil de tão repetido

estar só nunca foi estar sozinho/a
estar só é não ser compreendido/a
é uma luz não partilhada

respondi-lhe assim:
a solidão é a minha delicadeza
e a minha noite segue grávida 
do amanhecer 








Sem comentários:

Enviar um comentário