sexta-feira, 30 de agosto de 2013

Talvez (ainda) não


Quando a dor
encontra um lar
onde não se fabricam engodos

- a impostura da alma para a ilusão
  à revelia das suas cicatrizes -

separamos aquilo que é efémero
daquilo que permanece

a mordida da serpente
as portas do céu que se abrem
para o inesperado trovão

de repente
há que fazer uma escolha radical
ou talvez (ainda) não

onde moram as aves
e o movimento que as habita
sossega o meu coração

ondem dormem os gatos
e os seus corpos se espreguiçam
firmarei o meu  chão


segunda-feira, 26 de agosto de 2013

Fronteira


Não se tolda a mente
com a paciente realidade
na passagem do tempo
em qualquer fronteira
se descobre a liberdade


domingo, 11 de agosto de 2013

Do corpo- fruto e espera


Do corpo
- fruto e espera

vestígio do ser no mundo
a plenitude que contém
dentro de si o declínio

invólucro do tempo no espaço

só pelo corpo percebemos
a amplitude da vida
o contorno da morte

é preciso escutá-lo
respeitar a sua voz
saber aproveitar o momento



















sexta-feira, 9 de agosto de 2013

Clareira


Aquela que sou ao escuro
vigiando as pálpebras da noite

sustém
na luz crepuscular
o Sagrado

deixa cair as armaduras
deixa-se Ser
numa clareira para o desvelamento



terça-feira, 6 de agosto de 2013

Folhas caem


Folhas caem
do topo do tempo
decifrá-las 
na espera das estações

primavera
verão
outono
inverno

a eternidade é um jardim suspenso
de árvores com folhas caducas

nós essas árvores esquecidas