IV - O amor por nomear
Quando te riste assim de repente
será que pensaste no dia seguinte
noutros sorrisos por veres a manhã
no despertar de uma outra paixão
afinal o orgasmo que damos um ao outro
é feito também dos livros que lemos
e do café que saboreamos
todos os dias a nossa vida se acende
a tua alma tem sede e a minha tem fome
e os nossos corpos se apegam se chocam se fundem
numa ânsia do todo quando a vida é metade
segunda-feira, 20 de fevereiro de 2012
quinta-feira, 9 de fevereiro de 2012
Contos de amor pela metade
III - Somos para ser entre os dois um nós
Já sabia de cor o sabor
das noites sobrepostas aos dias
e era para encontrá-la assim às escondidas
que ele se afogava todas as manhãs
num vácuo de espectro ensonado e triste
e todas as tardes com preceito
se imolava queimando no tédio
de não a ter nem sequer no pensamento
não lhe conhecia ainda o contorno
da alma que habitaria os seus dias
agarrava-se pois aquela dor
de vigiar a chegada da lua
e já sabia de cor o sabor
das noites sobrepostas aos dias
morria em cada espasmo dentro dela
só para prender o tempo que fugia
foi acendendo candelabros na penumbra
e onde era escuro a luz a desvelou
não só para um amor ainda ávido
e desfeito na pele feito para o gozo
mas para um amor que seria
em toda a ausência dela vestida ou nua
um desafio ao eterno e ao milagre
de sermos nós
entre a noite e o dia
entre o sol e a lua
Já sabia de cor o sabor
das noites sobrepostas aos dias
e era para encontrá-la assim às escondidas
que ele se afogava todas as manhãs
num vácuo de espectro ensonado e triste
e todas as tardes com preceito
se imolava queimando no tédio
de não a ter nem sequer no pensamento
não lhe conhecia ainda o contorno
da alma que habitaria os seus dias
agarrava-se pois aquela dor
de vigiar a chegada da lua
e já sabia de cor o sabor
das noites sobrepostas aos dias
morria em cada espasmo dentro dela
só para prender o tempo que fugia
foi acendendo candelabros na penumbra
e onde era escuro a luz a desvelou
não só para um amor ainda ávido
e desfeito na pele feito para o gozo
mas para um amor que seria
em toda a ausência dela vestida ou nua
um desafio ao eterno e ao milagre
de sermos nós
entre a noite e o dia
entre o sol e a lua
quinta-feira, 2 de fevereiro de 2012
Contos de amor pela metade
II - Tu és um ser para ti
Ele amava-a com romantismo persistente
mas ela nunca quiz casar
e ele acusava-a de uma entrega intensa e partilhada
sempre que se encontravam
uma dedicação autêntica
uma felicidade em estarem juntos
mas ela partia sempre dizendo
vou-me para o meu mistério
e deixo-te com o teu mistério
nunca casaram
mas mesmo assim ele ofereceu-lhe um anel de noivado
com a frase gravada
misteriosa história de amor com metade por contar
Ele amava-a com romantismo persistente
mas ela nunca quiz casar
e ele acusava-a de uma entrega intensa e partilhada
sempre que se encontravam
uma dedicação autêntica
uma felicidade em estarem juntos
mas ela partia sempre dizendo
vou-me para o meu mistério
e deixo-te com o teu mistério
nunca casaram
mas mesmo assim ele ofereceu-lhe um anel de noivado
com a frase gravada
misteriosa história de amor com metade por contar
quarta-feira, 1 de fevereiro de 2012
Contos de amor pela metade
I - Tu és um ser para mim
Metade de ti
um sonho
Inteiro
uma razão do meu viver
no princípio há uma sofreguidão do amor
não queremos as sobras
devorar o outro é também preencher as nossas faltas
diluir-se perder-se para se voltar a encontrar
e no render-se ao desconhecido faz-se a viagem
que se recorda no final
agora sinto que é nas suas sobras
que o amor encontra a sua verdadeira utilidade
e nos revela ora humildes ora inteiros
capazes de superar as várias armadilhas do ego
no princípio porém não percebemos isso
Metade de ti
um sonho
Inteiro
uma razão do meu viver
no princípio há uma sofreguidão do amor
não queremos as sobras
devorar o outro é também preencher as nossas faltas
diluir-se perder-se para se voltar a encontrar
e no render-se ao desconhecido faz-se a viagem
que se recorda no final
agora sinto que é nas suas sobras
que o amor encontra a sua verdadeira utilidade
e nos revela ora humildes ora inteiros
capazes de superar as várias armadilhas do ego
no princípio porém não percebemos isso
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