Seguramente
nessas fontes onde Zeus
foi salvo da barbárie de Cronos
seu implacável pai
onde o amamentaram as ninfas
o lavaram da precisão do tempo
onde a água foi sua irmã
seguramente
me libertarei dos fardos
e grávida de astros
parirei o universo
entre o espanto da criança
e o sábio olhar da anciã
flui a existência
quarta-feira, 25 de janeiro de 2012
terça-feira, 24 de janeiro de 2012
Nas mãos passageiras do tempo
Nos cílios que guardam
os ventos
nas mãos passageiras
do tempo
pesa leve a areia
a inacabada poeira
sempre escrava
e dona da pendular
existência
os ventos
nas mãos passageiras
do tempo
pesa leve a areia
a inacabada poeira
sempre escrava
e dona da pendular
existência
quarta-feira, 18 de janeiro de 2012
O tempo nos bolsos da infância
A extensão do tempo
guardada nos bolsos de criança
escondida no desejo disfarçado
das suas risadas
é frágil a lucidez
e descomunal a esperança no olhar
pois todas as coisas se apoderam da realidade
em devaneios
os sonhos de criança
estendem-se pelo tempo
mais tarde possuem as lembranças
tanto quanto os factos que narram a vida
em que ecos antigos ressoam
em que profundezas se esvaem?
em que espaço interno se recriam
em que seios de lágrimas
como primaveras molhadas
não amanhecidas?
guardada nos bolsos de criança
escondida no desejo disfarçado
das suas risadas
é frágil a lucidez
e descomunal a esperança no olhar
pois todas as coisas se apoderam da realidade
em devaneios
os sonhos de criança
estendem-se pelo tempo
mais tarde possuem as lembranças
tanto quanto os factos que narram a vida
em que ecos antigos ressoam
em que profundezas se esvaem?
em que espaço interno se recriam
em que seios de lágrimas
como primaveras molhadas
não amanhecidas?
quinta-feira, 12 de janeiro de 2012
Escutar o tempo
Os olhos perscrutam
o tempo que é surdo
saber penetrar o mistério
e decifrar o que parece absurdo
aquele som mais grave e sério
nos olhos que escutam
o tempo que é surdo
saber penetrar o mistério
e decifrar o que parece absurdo
aquele som mais grave e sério
nos olhos que escutam
domingo, 8 de janeiro de 2012
Ternas são as horas
é a erva mais fresca
pensou a moça
no tapete verde onde flutuava
o seu corpo era ainda promessa
e os sonhos não tinham pressa
enquanto o relógio marcava
as horas galopando no tempo
com força
qualquer coisa que eu fizer
será como esta singela flor
que se abre ao sol pela manhã
será como o sopro ardente do amor
esgueirando-se por uma fresta
de hoje até ao amanhã
pensou a moça
no tapete verde onde flutuava
o seu corpo era ainda promessa
e os sonhos não tinham pressa
enquanto o relógio marcava
as horas galopando no tempo
com força
qualquer coisa que eu fizer
será como esta singela flor
que se abre ao sol pela manhã
será como o sopro ardente do amor
esgueirando-se por uma fresta
de hoje até ao amanhã
quinta-feira, 5 de janeiro de 2012
Mr Clock
Ele venerava o tempo
de um modo tão determinista
que nem mesmo o intrépido vento
conseguia revirar do avesso
o seu coração calculista
até que um dia sucumbiu
a uma doença sadia
de repente o coração fugiu
refugiando-se num estranho ardor
de um lar que desconhecia
ele calculou então que era o amor
de um modo tão determinista
que nem mesmo o intrépido vento
conseguia revirar do avesso
o seu coração calculista
até que um dia sucumbiu
a uma doença sadia
de repente o coração fugiu
refugiando-se num estranho ardor
de um lar que desconhecia
ele calculou então que era o amor
quarta-feira, 4 de janeiro de 2012
Tempo interno
Não me lembro das horas passarem
nem do tempo ser medido em unidades
lembro-me do miar do gato
em petiz
quando sentia a noite não ter fim
de querer ser uma pedra no jardim
de enrolar os dias nos meus dedos
ensimesmada e feliz
de ser voraz como o tigre
e de esperar com mansidão
o entardecer
lembro-me de ter
todas estas idades
nem do tempo ser medido em unidades
lembro-me do miar do gato
em petiz
quando sentia a noite não ter fim
de querer ser uma pedra no jardim
de enrolar os dias nos meus dedos
ensimesmada e feliz
de ser voraz como o tigre
e de esperar com mansidão
o entardecer
lembro-me de ter
todas estas idades
segunda-feira, 2 de janeiro de 2012
Calendário
É a vida
que eu celebro agradecida
celebro os seus ritmos
que compõem o tempo
nem sempre contando os dias
nem sempre os agrupando
em meses e anos
mas sempre
celebrando no meu ser
o que tardando
se vai decifrando
nas suas melodias
que eu celebro agradecida
celebro os seus ritmos
que compõem o tempo
nem sempre contando os dias
nem sempre os agrupando
em meses e anos
mas sempre
celebrando no meu ser
o que tardando
se vai decifrando
nas suas melodias
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