Não tinha pressa em crescer
"é tão curta a infância
tão breve o seu encanto
no caminho do meu ser"
pensava assim a criança
Mas quando se pressentia
no tempo uma mulher
era despojada que aparecia
inteira e nua se antevia
como o sol ao amanhecer
Não sabia a criança
que esse breve tempo afinal
seria buraco e lança
no seu trajecto existencial
Um retrocesso que avança
sempre que ela nua apanha
despojos que ficaram para trás
domingo, 30 de janeiro de 2011
sábado, 29 de janeiro de 2011
Lembrança
Discorrer sobre essa lembrança
pavor de criança
doeu no futuro
tornando vingança
o que começou puro
é o medo que avança
pelo caminho maduro
quem sossega a criança
enquanto não alcança
seu sentir mais seguro?
pavor de criança
doeu no futuro
tornando vingança
o que começou puro
é o medo que avança
pelo caminho maduro
quem sossega a criança
enquanto não alcança
seu sentir mais seguro?
sábado, 22 de janeiro de 2011
Sibila
Voltarei a olhar
duma baía tranquila
o espanto pousado
em areias finas
as nuvens incertas
que destapam colinas
e a vida sibila
que se eleva astuta
voltarei a mirar
duma baía tranquila
perscrutando o mar
sibila saindo da gruta
duma baía tranquila
o espanto pousado
em areias finas
as nuvens incertas
que destapam colinas
e a vida sibila
que se eleva astuta
voltarei a mirar
duma baía tranquila
perscrutando o mar
sibila saindo da gruta
sábado, 15 de janeiro de 2011
Lado a lado
Dois guardiões de uma só voz
soldados lutando contra sermos sós
lado a lado projectamos sombras
que em cada um de nós
são apenas os fantasmas que sonhamos
cadência dual
de solidões agidas
sentidas entrelaçadas
de vazio existencial
lado a lado somos nós
duas sombras recortadas à luz universal
mas se pelo amor nos superamos
nossa morada inventada
nunca mais tememos sermos sós
soldados lutando contra sermos sós
lado a lado projectamos sombras
que em cada um de nós
são apenas os fantasmas que sonhamos
cadência dual
de solidões agidas
sentidas entrelaçadas
de vazio existencial
lado a lado somos nós
duas sombras recortadas à luz universal
mas se pelo amor nos superamos
nossa morada inventada
nunca mais tememos sermos sós
sábado, 8 de janeiro de 2011
Ofereci o Sal
Num dia de mágoas cinzentas
o meu peito derramou
um doce leite invernal
e eu
ofereci o sal
daquelas imensas jazidas
onde nos tinhamos aliado
de verbo e sangue
lágrimas correram para ti
e cristais de sal marinho
segredaram ao teu ouvido
lembranças de um mar esqueçido
então
tu a mim voltaste
e com pão e sal me presenteaste
disseste
«entre nós
não há alimento sem tempero
nem amor sem aliança
tu e eu somos como
salinas de suor
eu me confio a ti
e tu te confias a mim
em carne
e palavras»
quarta-feira, 5 de janeiro de 2011
Crescer
Tamanho é esse sonho de mim
refeito desse teu jeito em mim
O importante não é aquilo que fazem de nós, mas o que nós mesmos
fazemos do que os outros fizeram de nós.
Jean-Paul Sartre
refeito desse teu jeito em mim
O importante não é aquilo que fazem de nós, mas o que nós mesmos
fazemos do que os outros fizeram de nós.
Jean-Paul Sartre
terça-feira, 4 de janeiro de 2011
Devagar
Devagar a cuidar
é sempre agora
não caibam no meu colo
as pressas de ontem
nem as promessas de amanhã
quero o tempo de ouvir direito
o que me diz o vento
trazendo-me notícias do mar
é sempre agora
não caibam no meu colo
as pressas de ontem
nem as promessas de amanhã
quero o tempo de ouvir direito
o que me diz o vento
trazendo-me notícias do mar
sábado, 1 de janeiro de 2011
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